sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Souzel ou Senador José Porfírio?

Foto: http://moraesdidascalia.blogspot.com


Souzel ou Senador José Porfírio?
O atual município de Senador José Porfírio, situado na zona do Xingu, é de recente criação. Entretanto, as suas origens históricas remontar ao idos da colonização do estado do Pará. De acordo com o site: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pa/senador-jose-porfirio/historico, Segundo tradições, foram os holandeses, os primeiros civilizadores do ocidente, que visitaram essa região, através do rio Xingu. Mas pode-se afirmar, serem os padres jesuítas, os legítimos pioneiros da civilização do interior desse Estado. 
A fundação do município de Senador José Porfírio se deu com a chegada nesta região dos Padres da Companhia de Jesus, por volta do ano de 1639, fundaram primeiramente, juntamente com índios, um aldeamento com o nome de Aricari, no século XVII e que depois de algum tempo recebeu o nome de Freguesia de São Francisco Xavier. Por volta do ano de 1750 os Jesuítas fundaram uma missão e consequentemente deram o nome de “Souzel”, cuja a origem procede do país Portugal. Na ocasião foi criado pelos Jesuítas um povoamento, na margem esquerda do Rio Xingu, atualmente, conhecido como “Souzel Velho”.
Quando os Jesuítas foram expulsos desta região, outra missão denominada “Capuchos da Piedade”, tomou conta dessas terras e, na ocasião fundou também, um povoamento na foz do Rio Ambé, sendo o mesmo denominado pelo nome de “Povoado de Altamira” e que depois, de alguns anos passou a chamar-se de “Vila de Altamira”.
Souzel só foi reconhecido como município pela Lei nº 811, de 14 de abril de 1874, tendo sido seu intendente (uma espécie de prefeito) José Porfírio de Miranda Junior, grande personalidade que desbravou muitas terras do vale do Rio Xingu, ele tentou fazer uma ligação entre a cachoeira e o povoado de Altamira, isso, já no século XIX, sem sucesso, mas, fundou a Vila de Vitória.
No ano de 1936, Souzel perdeu a categoria de município, ficando como distrito do recente município que na época foi criado na região, o município denominado Xingu, tendo sua sede a cidade de Altamira, o qual compunha-se de onze distritos e no quadro da divisão administrativa, Souzel era um deles.
Em 12 de março de 1955, o Governador general Alexandre Zacarias Assunção, sanciona a Lei voltando a sua soberania de município independente, mas durou pouco tempo.
O município de nome Xingu teve seu nome alterado para Altamira em 31 de março de 1938, pelo Decreto-Lei nº 2.972 e em 29 de dezembro de 1961, a Lei 2.460 determinou o desmembramento de Souzel do município de Altamira para reconstituir o município de Souzel.
Em 1921 Souzel foi foi extinto e  anexado ao município de Porto de Moz em 1921. Antigos moradores contam que o nome Senador José Porfírio, se deu na ocasião da emancipação, Souzel (primeiro nome) até o ano de 1961, pertencia ao município de Altamira. Em decorrência das insatisfações do povo que residia em Souzel, pela regressão que sofria, formou-se uma comissão para lutar em favor da emancipação política e administrativa de Souzel.
            O senhor Manoel Ancelmo Batista, enfermeiro, militar, nordestino que lutava por dias melhores tornou-se líder e assim, organizou uma comissão, essa se dirigiu até Belém, capital do Estado, lá se reuniram com o governador, sobre a administração do vice-governador Newton Miranda. Travaram uma “luta” para conseguirem a emancipação do território. Após muitas discussões foi feito o acordo e o governo concedeu, mas impôs que a jurisdição o nome de Senador José Porfírio, como forma de homenagear seu avô que foi um “grande político” desbravador da região do Xingu na República Velha.
Manoel Ancelmo Batista e seus amigos, em “parte”, saíram vitoriosos, e no dia 29 de dezembro de 1961, Souzel ganha status de município novamente pela lei assinada pelo governador Joaquim de Magalhães Cardoso Barata, porém, o vice-governador Doutor Newton Bulamarque de Miranda, governador em exercício impôs que o município recebesse o novo nome de Senador José Porfírio, para homenagear o seu avô que fora um desbravador da região.
Antes da instalação oficial do novo município, foram nomeados como prefeito: O primeiro, o senhor Raimundo Uchôa Tenório, o qual permaneceu por pouco tempo, sendo então nomeado o segundo, João Inácio de Souza.
No dia 11 de Abril de 1962, o então vice-governador Newton Bulamarque Miranda, assinou a Lei 2.460, cuja instalava a sede do município, por meio de Ata Oficial que restaurava o velho município (Souzel). Pelo decreto-lei nº 164, de 23 de janeiro de 1970, o distrito de Souzel passou a denominar-se Senador José Porfírio, em homenagem ao político José Porfírio de Miranda Júnior. E assim, até hoje o município é reconhecido por este, nome que nunca foi de fato aceito pelos moradores mais antigos.
A primeira eleição municipal, de fato, aconteceu no dia 03 de outubro de 1962 sendo eleitos:
PREFEITO: José Alvarez Rebelo e VICE: Elomar Moreira de Souza
1966 a 1969
PREFEITO: Elomar Moreira de Souza e VICE: José Almeida Tabosa
1970 a 1973
PREFEITO: José Alvarez Rebelo e VICE: Pedro Uchôa de Moura
1974 A 1977
PREFEITO: José Moreno dos Santos e VICE: Raimundo Uchôa Tenório
1978 a 1982
PREFEITO: Francisco Merêncio da Silva e VICE: Manoel Ancelmo Batista
1983 a 1988
PREFEITO: Willy de Souza Viel e VICE: Teodoro Matias da Costa
1989 a 1992
PREFEITO: Averaldo Pereira Lima e VICE: Cleto José Alves da Silva
1993 a 1996
PREFEITO: Cleto José Alves da Silva e VICE: José Tadeu da Costa Nunes
1997 a 2000
PREFEITO: Carlos Cabral Rebelo e VICE: José Benedito da Mota Eschrique
2001 a 2004
PREFEITO: José Benedito da Mota Eschrique e VICE: Severino Batista Albuquerque
2005 a 2008
PREFEITO: Cleto José Alves da Silva e VICE: José Reinan Sales de Araújo
2009 a 2012
PREFEITO: Cleto José Alves da Silva e VICE: Ademar José Moreira de Sousa
2013 a 2016
PREFEITO: Carlos José da Silva e VICE: Vanessa Anabelle Lima Silva
2017 a 2019
PREFEITO: Dirceu Biancardi  e VICE: Deiby Mendes Cardoso

REFERÊNCIA:
IBGE CIDADES. Disponível em: <https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pa/senador-jose-porfirio/historico>. Acesso em 27 de dez de 2018.
LESSA, Ivair Ferreira da Silva. História de Senador José Porfírio “Souzel”. 1ª Ed. 2000.
  

CANÇÃO SOUZELENSE: Eu te amo porque te amo.

A cidade tem uma praia
Que beleza! É pura natureza!
Recebe gente de todo lugar
Pra visitar, pra descansar!

Cidade dos lábios de mel
Minha cidade é uma beleza!
Essa cidade é Souzel!
Que amo por Natureza!

Eu amo Souzel!
 Terra tão querida
Onde os pássaros cantam
E têm toda a guarida.

Souzel é terra querida
Sossego quase total
Em julho parece carnaval
E em janeiro, tem um lindo Festival

Festival do Caratinga no Pará
Não tem outro igual
Só aqui em Souzel a festa
Tornou-se Patrimônio Cultural!

O cheiro do peixe
É o aroma do ar
A farinha d’água com Caratinga
São iguarias de arrasar

A famosa tartaruga não pode faltar
Em aniversários ou em festa qualquer
A farofa do casco é pra se deliciar
Tanto faz, com a mão ou colher.
No inverno é tempo de cheia
Paia do Leme é sensação
O banzeiro vai beijando a areia
Causando grande admiração

Souzel ou Senador José Porfírio?
A história causa um tremendo delírio
Como Aricari 379 anos
Já Souzel 268
E Senador José Porfírio?
De Fato, apenas 48.
Agora em 2018.
Mas de emancipação!
Dia 29 de dezembro Cinquenta e “Setão”.

Parabéns Souzel dos meus encantos!
Amo-te tanto e amiúde
Morrerei, mas hei de amar, mais do que pude.

Professor: LP.

sexta-feira, 3 de agosto de 2018



UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTAMIRA
PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES – PARFOR
FACULDADE DE LETRAS/POLO SENADOR JOSÉ PORFÍRIO










LUIZ ODIVALDO SALES PENA



MEMORIAL: HISTÓRIA DE UM XINGUARA SOUZELENSE








































SENADOR JOSÉ PORFÍRIO – PA.
JULHO/2018



UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTAMIRA
PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES – PARFOR
FACULDADE DE LETRAS/POLO SENADOR JOSÉ PORFÍRIO







LUIZ ODIVALDO SALES PENA

MEMORIAL: HISTÓRIA DE UM XINGUARA SOUZELENSE









Memorial apresentado Faculdade de Letras, UFPA – Universidade Federal do Pará, como requisito parcial avaliativo na disciplina: ESTÁGIO III, ministrado pela professora Msc. Laura Bormann.



















SENADOR JOSÉ PORFÍRIO – PA.
JULHO/2018.


HISTÓRIA DE UM XINGUARA SOUZELENSE

             RESUMO
História de vida de um Xinguara Souzelense, relata principalmente a vida profissional dedicada à educação no município de Senador José Porfírio, uma carreira na área educacional que se iniciou na Zona Rural, mais precisamente na localidade Vila Nova. A essa história está atrelada a Formação Inicial e Continuada durante a caminhada que completou três décadas em agosto de 2014.

Palavras Chave: Formação. Educação. Sociedade.

INTRODUÇÃO

A organização deste trabalho tem como objetivo principal contextualizar a História de Vida de um Xinguara Souzelense: Luiz Odivaldo Sales Pena, mas precisamente na área educacional. A história aqui descrita por mim mesmo, traz uma reflexão sobre a profissão de professor, o cargo de Diretor e de Coordenador de Ensino Municipal ocupado durante algum tempo, no município de Senador José Porfírio – Xingu – Estado do Pará.
Tal imagem da pessoa que desempenha essa profissão, enquanto figura social e individual, que tem uma história a ser contada, ainda não teve um reconhecimento bom pela sociedade.  Muitos professores são prova disso, quando fazem seus discursos voltados para o tema. Porém, eu como professor não aprovo essa ideia! Alguém já leu sobre a vida do Pasquale, como chegou a ser professor, caminhos que trilhou, que livros gosta de ler, o que pensa da educação brasileira...?

Provavelmente não teria mercado certo, pois ele é um eucalipto e não um jequitibá, conforme nos diz Rubem Alves (1989:9-30) refletindo sobre a educação e seu agente de transformação, através da analogia entre as relações dos seres vivos com o meio ambiente e as profissões que desempenham. Para o educador ilustrar uma diferenciação entre profissões e vocações, utiliza-se da flora. A profissão de professor - "Mas professor não é profissão, não é algo que se define por dentro, por amor" – é metaforizada pelo eucalipto - "essa raça sem-vergonha que cresce depressa" -, enquanto a vocação é metonímia de educador - "ao contrário, não é profissão; é vocação. E toda vocação nasce de um grande amor, de uma grande esperança.". E se os educadores são como as velhas árvores, então “Possuem uma frase, um nome, uma "estória" a ser contada". A visão cristã de educador, que fala de vocação como uma missão, como um “dom” de Deus, é a comumente encontrada nos discursos sobre a profissão de professor. (MERI, 2002).
O “ranço” jesuítico ainda perdura na educação ou visão que a sociedade tem da imagem do professor como aquele que segue uma missão, mesmo que por isso viva a “pão e água”. (Idem)
A metáfora criada por Rubem Alves para o educador leva em consideração a vocação na acepção cristã do termo, um chamamento que vem de dentro. Bonito isso seria se fosse realidade. Resultante disso, perguntamos: o sujeito que se forma em Pedagogia e torna-se professor de todas as disciplinas das Séries Inicial do Ensino Fundamental e é professor por vocação? Caso não seja, costuma ministrar aulas assim mesmo, pois reconhece esta ser ferramenta de sua profissão? (Ibid).

Diante do relato acima procurarei fazer uma grande reflexão sobre a História de professor, como me tornei professor, as dificuldades encontradas e que espero para que sejamos mais reconhecidos como educador.
Eu diria que os educadores são como as velhas árvores. Possuem uma frase, um nome, uma “estória” a ser contada. Habitam um mundo em que o que vale é a relação que os liga aos alunos, sendo que cada aluno é uma “entidade” sui generis, portador de um nome, também de uma “estória”, sofrendo tristezas e alimentando esperanças. E a educação é algo pra acontecer neste espaço invisível e denso, que se estabelece a dois. Espaço artesanal (RUBEM ALVES, APUD MERI 2002, p. 13-14)

Os caminhos percorridos por mim, durante o tempo que trabalhei como educador, (professor, diretor, coordenador pedagógico, auxiliar de secretaria e Coordenador de Ensino Municipal) em agosto, do ano corrente, completará 33 anos.
Na comparação que o texto aborda de floresta que eu, bem como outros colegas, sou como ser profissional tem como habitat, as árvores são eucaliptos e jequitibás. Neste universo educacional, podemos ser eucaliptos e jequitibás ao mesmo tempo, segundo a metáfora que Rubem Alves (1989) utiliza para diferenciar o ser educador do ser professor ou vice-versa.
Luiz Pena, como sou chamado, formado em Pedagogia, Especialista em Psicopedagogia e docência no Ensino Superior e acadêmico do Curso de Letras, personifica tanto o professor eucalipto, essa raça sem vergonha que cresce depressa (idem, p. 13), que apenas é um funcionário que cumpre uma função dentro de uma instituição, seja ela pública ou privada, quanto o jequitibá, que ninguém viu nascer nem plantou (ibid; idem), aquele que habita um mundo em que a interioridade faz uma diferença, pois é uma pessoa e, como tal, tem uma personalidade definida por visões, paixões, esperanças e horizontes utópicos, bem como um interesse constante em aperfeiçoar-se através de cursos que ampliem seus conhecimentos e formação profissional.

Então, a seguir uma parte da minha história de vida.

HISTÓRIA DE UM XINGUARA SOUZELENSE

Luiz Odivaldo Sales Pena, filho de João Pena e Maria Sales Pena, nascido no dia 11 de julho de 1963, em Senador José Porfírio, Xingu, Estado do Pará, bairro Encantado, Rua Beira Mar em frente a Praia do Leme, filho único, do sexo masculino de uma família de 8 irmãs: (Lucineide, Benedita, Josineide, Ana Maria, Luciana, Renata (em memória), Célia Maria e Maria do Remédio). Licenciado em Pedagogia pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e Pós-graduado em Psicopedagogia pela (INTA) Instituto de Teologia Aplicada e em Docência no Ensino Superior; concursado como Professor desde 06 de fevereiro de 2007 pela Prefeitura Municipal de Senador José Porfírio, Estado do Pará. Casado com Maria do Perpétuo Socorro de Oliveira Pena (Peta), pai de Luiz Peterson, Leandro Patrick e Leonardo Perikcson, fazem parte desta família também, Manoel Clebeson de Oliveira (Prico), enteado-.
Antes de iniciar contando sobre a “Vida de Professor”, contarei como foi para tudo começar.
Comecei a trabalhar de Carteira Assinada, desde aos 14 anos de idade na IMAS (Serraria da Reicom), lá me tornei “Serrador” profissional. Procurarei não me deter muito nesta história, apesar de ter sido muito útil para mim e minha família, pois, tive uma grande decepção, que ora talvez não convenha contar. O fato é que em 1983 eu fui demitido, ficando desempregado, no auge da política entre Elomar Souza e Vily Viel, por obra do destino o vencedor das eleições foi o Vily Viel e nossa família toda tinha trabalhado com o candidato perdedor, portanto, perdendo as eleições, foi um ano de muitas dificuldades, para todos nós. Diante de tudo isso, até minha esposa, que era Identificadora Civil, também foi demitida, ficando os dois desempregados. Nossa subsistência passou a ser praticamente da pesca juntamente com meu pai e minha mãe, que não deixaram desamparados, sempre nos dando total atenção uma vez que já tínhamos os três filhos, mais o Prico.

O DESTINO

Nessa época a família de minha esposa, morava quase toda em Vila Nova, distrito de Senador José Porfírio e tinham trabalhado com o então prefeito Vily Viel o qual tinha o slogan “Conheça Souzel (Senador José Porfírio) antes que se transforme”, o slogan demonstrava que o município iria mudar até mesmo a forma de administração e teria seu desenvolvimento em todos os distritos, principalmente a educação. Vila Nova precisava então de profissionais para melhor educar também suas crianças, porém, a classe de professores era praticamente leiga, tanto na sede do município, quanto em seus distritos e Zona Rural.
Foi aí que veio o convite para a minha esposa ir trabalhar como professora em Vila Nova, já que ela tinha o 1º Grau Completo (Ensino Fundamental) o que poucos professores tinham na época. Lembro bem que o convite veio pelo Senhor Segismundo Alvarez (Sergico) vereador naquele pleito e também a partir de um grande esforço do Jobson de Oliveira (Jó, irmão de minha esposa).

A MUDANÇA

Em janeiro de 1984 mudamos para Vila Nova, em um barco chamado Sharlon da Prefeitura, chegando lá fomos morar na casa da minha sogra Joventina (Dona Jovem) que nos recebeu muito bem, a primeira a trabalhar como professora, foi minha esposa, que trabalhava em dois turnos, e a escola contava ainda com a professora Biló. Neste ano, eu fui pescador o qual me serviu muito, no ano seguinte a professora Biló solicitou sua transferência para Vitória do Xingu, sendo contemplada em julho, pois a mesma era efetiva do Estado, ficando então suas turmas sem professor.

AGOSTO DE 1985 – O INÍCIO.

Em julho de 1995 minha esposa foi até a Sede de Senador José Porfírio para avisar sobre o acontecido e indicar o nome de um professor ou uma professora para as turmas, indicando então assim o meu nome. E eu? Será que poderia ser professor? Se eu só tinha estudado até a 4ª Série do 1º Grau. Na época sim, pois não havia outra pessoa, nem de Vila Nova, nem de outro lugar para exercer a função, então o prefeito, assim como os vereadores e responsáveis pela educação de Senador José Porfírio aceitaram e no dia 1º de agosto inicie trabalhando com as turmas: 3ª e 4ª série.
Como pode um professor ministrar aulas para turma de 3ª e 4ª séries sem formação alguma? Foi o que aconteceu comigo. Porém, a partir de quando comecei a trabalhar como professor, comecei a gostar da profissão e procurei buscar minha ascensão através de formação, no ano de meu ingresso na educação, foi oferecida uma formação aos professores em nível de 1º Grau (Ensino Fundamental) e eu não perdi tempo, dediquei-me o que pude, só então foi que me dei conta do valor que tinha a Educação.
Passei 4 anos para concluir meu Primeiro Grau, estudando e trabalhando. Eu e minha esposa, fazíamos um “esforço tremendo” para participar das aulas, pois tínhamos que vir para a sede do município de 15 em 15 dias em um “barquinho” do senhor Orácio que residia no Tamanduá, (localidade próxima de Vila Nova), por várias vezes enfrentamos os grandiosos banzeiros (ondas) do Rio Xingu com fortes temporais, mas sobrevivemos a tudo isso, não foi fácil passar por todas as dificuldades e ainda tinham outras, como por exemplo, a de desenvolver um bom trabalho em sala de aula sem formação adequada.
Ficamos em Vila Nova até o fim do ano de 1987, no início de 1988, voltamos para a Sede da cidade. Meu pai foi quem fretou um barco e foi nos buscar, aliado com a preocupação do meu pai e minha mãe, resolvemos voltar para a Sede de Senador José Porfírio.
Chegando em Senador, enfrentamos muitas dificuldades, pois ainda não havíamos concluído o 1º grau, no primeiro ano que retornamos (1988), por falta de professor de 4ª série eu fui trabalhar na Escola Cattete Pinheiro com uma turma de 42 alunos, foi um dos maiores desafios, mas graças a Deus e vários colegas, como a professora Eimar que me ajudou bastante pude realizar um bom trabalho. Avalio dessa forma, porque mesmo sem formação, consegui facilitar o aprendizado de muitos alunos e alunas, hoje muitos alunos daquela turma estão formados e até com especialização sendo meus colegas de profissão, citando aqui alguns deles e delas: Francisca Gama, Paulino Dias, Auristélio Lima, professora e vereadora Silvanira Mendes e Emília Lessa, são alguns que me recordo no momento que são professores e até exercendo com muita competência suas funções.
Faço questão de destacar aqui neste memorial, para ficar registrado que a minha primeira professora foi a minha mãe, foi com ela que aprendi a conhecer as primeiras letras e a ler os primeiros textos.

A FORMAÇÃO E EXPERIÊNCIAS PROFISSIONAIS
Em 1989 com a eleição para prefeito muito mudou na Educação e eu ainda não tinha concluído o 1º grau. Sem formação para atuar em sala de aula, fui afastado da sala e destinado a exercer a função de auxiliar de secretaria na Escola São Francisco de Assis, recebendo apenas um salário mínimo, “a sorte” é que ao meu lado tinha minha esposa que voltou a trabalhar novamente na função de identificadora, mas que nossos salários eram insuficientes para manter-nos, havia mês que o dinheiro recebido não dava para pagar as contas, eu tinha que pescar quase todas as noites para não passarmos fome.
A turma em que eu havia me matriculado iniciou com aproximadamente 30 alunos. Estudar era fácil, pois o sistema de estudo era através de 70 “livretos” chamados de módulos, para passar de um módulo para outro a pessoa tinha que tirar a média mínima de 8,0 (oito) em qualquer disciplina, o primeiro estudo a distância que enfrentei, sem professor. Para acompanhar, esse sistema que era desenvolvido pela SEDUC de Altamira e que não tinham pessoas qualificadas para tirar as dúvidas, principalmente em Língua Portuguesa e Matemática, era muito complexo. Tudo isso, fez com que a maioria dos alunos e alunas desistissem, ficando apenas 4 alunos comigo para terminar o curso.
Faço questão de mencionar o nome do grande amigo Cleto Alves, que nessa época era Vice-Prefeito de Senador, pelo motivo de um dia ter nos recebido em seu gabinete, neste momento lembro também da colega Arlete Duarte que éramos auxiliares de secretaria e fomos pedir aumento de salário, o qual nos deu uma pequena porcentagem de aumento e nos deixou com mais entusiasmo para trabalhar.
Em 1993, iniciava-se uma campanha do Governo Estadual em parceria com a prefeitura de Senador para implementação do Magistério, graças a Deus e ao meu esforço já tinha concluído o 1º grau e pude iniciar meus estudos no Segundo Grau Magistério, o qual foi concluído após 4 anos.
Na ocasião a política Neoliberalista requeria um profissional que pudesse ter uma formação, capaz de atender o mercado de trabalho que cada vez mais exigia um profissional que tivesse mais competência interpessoal, tais como: LIDERANÇA INICIATIVA E RELAÇÕES HUMANAS. As organizações precisam de pessoas que além de conhecimento técnico, tenham como competências essenciais a curiosidade pelo aprendizado, a flexibilidade, a capacidade de adaptações às mudanças, a facilidade no trato interpessoal e o sentido atual que o mundo nos imprime. Essa é a demanda que vem crescendo e desenvolvendo-se em uma sociedade altamente diferente, conhecida como sociedade do conhecimento com uma tecnologia super avançada.
Dessa forma, temos que nos adaptar e também buscar um lugar neste cenário tão competitivo e foi com esse idealismo que enfrentei todos os desafios para realmente ser professor.

O CONHECIMENTO

Comecei a cursar o Magistério no ano de 1993 pelo SOME – Sistema Modular de Ensino. No primeiro ano de magistério recebi um convite para ministrar aulas em uma turma de 3ª série do 1º grau (Ensino Fundamental), na Escola Estadual Rosa Alvarez Rebelo no 2º turno, e no 1º turno eu desempenhava o trabalho de Auxiliar de Secretaria na mesma escola, nesse mesmo ano houve eleições para prefeito no qual foi eleito Cleto José Alves da Silva, o então prefeito estava formando uma nova Secretaria de Educação foi quando veio o convite para eu ir trabalhar como Diretor da Secretaria de Educação.
Trabalhei como Diretor de Educação, até o ano de 1996, pelo motivo da construção da Escola Mariana Dias que foi a primeira Escola Municipal da Sede, e novamente o prefeito convidou-me para exercer o cargo de Diretor da referida escola, pois segundo ele não havia outra pessoa de confiança para exercer o cargo. Aceitei o desafio, isso tudo aconteceu, no mês de junho de 1996, sendo que a Escola Mariana Dias iniciaria suas atividades em agosto de 1996, exerci a função de diretor e professor de Matemática em uma turma de 5ª série. Ainda em 1996 iniciamos com as atividades da escola, criamos logo o Conselho Escolar, organizamos toda a parte de secretaria e pedagógica e assim encerrou-se o ano letivo. No ano de 1997, foi eleito o Prefeito Carlos Rebelo, o qual me nomeou novamente para trabalhar com Diretor de Educação e a grande expectativa com a chegada da secretária de Educação Marinez Simas que iniciou também em 1997.
Permaneci na Secretaria de Educação, como diretor até junho de 2000, nesta época a secretária Marinez Simas não estava insatisfeita com a direção da Escola Rosa Alvarez Rebelo, uma vez que o Ensino Fundamental havia municipalizado e toda a gerência era da SEMEC, havia muitas reclamações por parte dos alunos, pais e a sociedade como um todo os quais cobravam muito a mudança da diretora.
Foi então que a Secretária de Educação me convidou para assumir a Direção da Escola Rosa Alvarez Rebelo, resolvi aceitar. Não foi fácil, em meu primeiro dia como diretor lembro que alguns alunos me receberam um tanto arrogantes para que eu desistisse, pois estavam acostumados com a rotina da escola, mas fui forte e venci, porém, procurando conquistar a todos (funcionários, alunos, pais etc.).
Na Escola Rosa Alvarez Rebelo fui diretor nomeado por um ano e meio e o conselho escolar promoveu eleições para direção da escola.
Candidatei-me e fui vencedor da eleição para atuar como diretor ficando no cargo em um período de 2001 a 2004.
Em 2004, houve eleições municipais e foi eleito como prefeito Cleto José Alves da Silva, como não havia trabalhado politicamente com ele veio a demissão do cargo de diretor e então, passei a ministrar aulas em 2 turmas de 4ª série na EMEF Cattete Pinheiro no ano de 2005.
Em 2006 o Conselho Escolar promoveu eleições para eleger o diretor escolar, voltei a me candidatar e mais uma vez fui vencedor da eleição, atuei como diretor por dois anos, no ano de 2008 exerci a função de coordenador pedagógico na EMEF Mariana Dias.
No ano de 2009 fui mais uma vez convidado para exercer a função de Coordenador de Ensino na Secretaria Municipal de Educação o cargo, onde permaneci até junho de 2016. De julho a dezembro do ano de 2016, fiquei de Licença Prêmio.

O CURSO DE LETRAS
No ano de 2014, fui contemplado pela Plataforma Freire para cursar Letras, era um dos sonhos que eu tinha. Ansiava muito em fazer um curso como o de Letras, pois eu tinha uma curiosidade e expectativa muito grande, em saber o que realmente era estudado, havia uma necessidade em aprender mais sobre o uso da linguagem, – principalmente a linguagem escrita – em diversos meios de comunicação.
O curso de Letras em minha vida, tanto profissional, quanto particular, está servindo muito, principalmente referente às teorias: linguística e a literária, uma nova visão da língua materna (língua portuguesa).
Pela minha própria vontade, escolhi exercer a função de professor, ainda tenho pouca experiência no trabalho voltado para língua portuguesa, pois, iniciei tal atividade apenas no ano de 2017, porém, é uma área que estou feliz em fazer o que faço.
Tenho minha profissão como algo que me completa, espero contribuir bastante com o aprendizado dos nossos alunos.
Durante as aulas no curso de Letras, articulei e elaborei um projeto para a organização de um livro, o livro já está organizado e falta apenas ser impresso, por falta de condições financeiras ainda não foi retirado, mas tenho como meta a retirado do mesmo, após a conclusão deste curso irei dedicar um tempo em busca de condições para a retirada de algumas cópias do livro, “Memórias do Xingu” é o título do livro. O livro qual me refiro, guarda memórias de moradores do município de Senador José Porfírio, tanto da Zona Rural (Distritos do Município), quanto da Zona Urbana.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Minha satisfação e meu prazer em fazer o que faço é um sonho realizado, mas me sinto ainda com muita responsabilidade. Serei eternamente professor.  Educação para mim, é um desafio a cada época, está atualizado é meu foco principal.
Neste trabalho acadêmico quero deixar destacado o compromisso que tenho com a educação ao longo dessas três décadas. Na minha carreira profissional do Magistério, já pude exercer várias funções: Diretor Escolar, Coordenador Escolar, Secretário Escolar e o que mais me motiva, é sem dúvida, ser professor!
Considero ter sido um afortunado com o curso de Letras, sabemos que em um país como o nosso, muitos filhos de pessoas da classe social menos favorecidas, têm grandes dificuldades em entrar em uma universidade, contudo tive a sorte em ser contemplado com o Curso de Letras.
A área de Conclusão de Curso que escolhi a pesquisar foi a de linguística e nessa área pretendo seguir pesquisando, com o objetivo de colaborar com a aprendizagem cada vez mais significativa em favor dos nossos alunos.



REFERÊNCIAS

ALVES, Rubens. Conversas com quem gosta de ensinar, 23 a. ed. São Paulo: Cortez, 1989.

MERI, Leila Maria. Professor-Leitor: Uma História de Vida, Maringá, 2002.


Seu memorial é, Excelente! Parabéns e sucesso na profissão! Conceito: Professora Laura Bormann